Master System x NES: veja a comparação entre os consoles 8 bits
NES X Master: veja as diferenças entre os consoles 8 bits (Foto: Reprodução)
Onde tudo começouO Nintendinho (NES) chegou ao mercado japonês como Family Computer, ou Famicom, e vendeu 500 mil unidades em pouco menos de dois meses. Feito inédito para a época. Coincidência ou não, a Sega lançou exatamente no mesmo dia sua primeira aposta no mercado de consoles: o SG-1000, que pode ser considerado como um embrião do futuro Master System, já que possuia arquitetura e configuração semelhante.
Porém, o jornalista David Sheff, autor de Os Mestres do Jogo (Game Over, no original, uma das bíblias dos games), relata que o sucesso estrondoso da Nintendo desbancou qualquer adversário. O MSX, por exemplo, era grande sucesso no Japão na época, mas passou a ser comercializado como microcomputador para evitar a concorrência com o Nintendinho. Caminho semelhante foi tomado pela Sega, que lançou o SG-3000 equipado até com teclado e voltado aos iniciantes da informática.
A história começou a mudar em outubro de 1985 com o lançamento japonês do Sega Mark III, sistema que seria comercializado como Master System na maior parte dos países. Aceita a missão de brigar por espaço com a Nintendo, a Sega investiu em mercados que sua concorrente não deu atenção: América Latina, Oceania e países europeus com menos poderio econômico, como Grécia, Polônia e Portugal. A estratégia era dar aos jogadores desses países garantia, qualidade, suporte e até localização e lançamentos regionais. O tiro foi certeiro, e a partir daí, a briga começou de vez!
Algo que não faltou na longa vida do Master System foram diferentes modelos (Foto: Reprodução)
HardwareInicialmente, pensado como um computador, a configuração do Master System usava componentes de mercado, mas era bem superior a do NES. O processador NEC 780C, meramente um clone do chip militar norte-americano Zilog Z80, tinha capacidade de 3,54MHz, enquanto o console da Nintendo contava com um processador Ricoh 2A03 desenvolvido exclusivamente para o NES, com capacidade 1,66MHz.
A console da Sega também saía na frente com 8KB de memória RAM e 16KB de memória dedicada à geração de imagens, enquanto o NES tinha apenas 2KB para RAM e 2KB para vídeo. São números absurdos se pensarmos nos padrões atuais, mas à época os dois consoles tinham capacidade suficiente humilhar o hardware do outrora popular Atari 2600.
Essa superioridade do Master System perante ao NES também explicaria a sobrevida que o console teve nos anos 90, recebendo grandes sucessos da época como Street Fighter 2 e Mortal Kombat, impensáveis no console da Nintendo, ao menos oficialmente.
Mesmo limitado, Mortal Kombat foi lançado no Master System, que era mais poderoso (Foto:)
Os dois consoles foram lançados no Brasil, mas em épocas muito diferentes. O Master System chegou em 1989, no auge de sua era, numa empreitada da fabricante de brinquedos eletrônicos TecToy. A iniciativa se mostrou um grande sucesso, com suporte e distribuição do aparelho e jogos garantidos do Oiapoque ao Chuí.
Enquanto o Master System teve no Brasil seu maior mercado em todo mundo, o NES chegou aqui de forma bem menos prestigiosa, via clones fabricados por empresas nacionais que se valeram da Política Nacional de Informática, uma reserva de mercado para importação de produtos de informática em vigor entre 1984 e 1991. Consoles piratas contrabandeados da China e Taiwan também processavam cartuchos Nintendo e fizeram muito da popularidade do NES por aqui, já que importar um aparelho original era privilégio de pouquíssimos.
No começo dos anos 90, Gradiente e Brinquedos Estrela fundaram a Playtronic que – finalmente – trouxe para o Brasil, em 1993, o Nintendinho. Era o momento do Mega Drive e do Super Nintendo, no topo dos 16-bits, e não havia muito espaço para o bom e velho NES.
Com maior base oficial instalada, o videogame da Sega acabou persistindo e recebendo cartuchos até 1997, com o lançamento de Street Fighter 2, produzido pela Tectoy. Vale ressaltar que o Master System enfrentou no Brasil cinco mudanças de planos econômicos (Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro, Cruzeiro Real e finalmente Real) e chegou a custar cerca de 1.699.000 cruzeiros em 1992, na época do lançamento da versão III do console, ou o equivalente a 620 reais atuais, em valores corrigidos.
Controles
Enquanto outros consoles da década de 1980 investiam nos manches, que se assemelhavam a controladores de voo, tanto Nintendo quanto Sega padronizaram em seus consoles de 8-bits os gamepads, compostos por direcionais digitais e botões de ação.
Controles do Master System lançado no Ocidente (Foto: Reprodução)
O Master System vinha com um controle de formato retangular, com dois
botões de ação e um direcional digital com oito direções. O NES também
tinha configuração parecida, exceto pelo direcional digital em cruz com
quatro direções (formato consagrado pela Nintendo) e pelos botões
“start” e “select”. A função de pausa de jogos no console da Sega era
feita por um botão direto no console.
Controle da versão ocidental do NES (Foto: Reprodução)
JogosA melhor parte da guerra entre Nintendo e Sega eram a qualidade dos jogos produzidos ou financiados pelas duas empresas. Para ganhar os corações dos consumidores, o NES recebeu durante sua vida útil alguns dos títulos seminais dos RPGs japoneses, como os quatro primeiros títulos da série Dragon Quest e os três primeiros Final Fantasy. Também se projetaram no console séries consagradas como Mega Man e Bomberman, e exclusivas da Nintendo, casos de Metroid, Kid Icarus, The Legend of Zelda e, claro, Mario Bros, sucesso absoluto da casa. O motivo é óbvio: enquanto o Master System vendeu 13 milhões de aparelhos, o NES vendeu quase 62 milhões.
Dragon Quest traz boas lembranças aos fãs dos RPGs japoneses (Foto: Reprodução)
Já a Tectoy não só garantiu a onipresença do console em terras
brasileiras, como lançou jogos totalmente em português, caso do clássico
dos RPGs, Phantasy Star, além de títulos baseados em personagens
conhecidos por aqui como Mônica no Castelo do Dragão, TV Colosso, Sítio
do Picapau Amarelo, Chapolin contra Drácula: um duelo
assustador e Castelo Rá-Tim-Bum. Não poderiam faltar é claro os sucessos
internacionais do console da Sega: as séries Sonic The Hedgehog e Alex
Kidd.A guerra entre as duas empresas continuou com o lançamento do Mega Drive, da Sega, e do Super Nintendo, criando alguns dos momentos mais marcantes dos videogames. Atualmente, quem diria, as empresas trabalham juntas, inclusive com exclusividades, caso do novo Sonic Lost Worlds, aventura do ouriço que será lançada somente para consoles da Nintendo.
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